terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Felicidade de quem nasceu depois da Redenção e na Igreja Católica - Santo Afonso Maria de Ligório

Por Santo Afonso Maria de Ligório

Ubi venit plenitudo temporis, misit Deus Filium suum, ut eos, qui sub lege erant, redimeret — “Quando chegou a plenitude do tempo, enviou Deus a seu Filho, para que remisse aqueles que estavam debaixo da lei” (Gal. 4, 4).

I. Que graças devemos dar a Deus por nos haver feito nascer depois de já realizada a grande obra da Redenção humana! É isso o que quer dizer a palavra plenitudo temporis — “plenitude do tempo” — , tempo venturoso pela plenitude da graça que Jesus Cristo nos mereceu pela sua vinda. Infelizes de nós, se, réus de tantos pecados como somos, tivéssemos vivido nesta terra antes da vinda de Jesus Cristo!

Antes da vinda do Messias, ah! Em que lamentável condição se achavam os homens! O verdadeiro Deus era apenas conhecido na Judéia; em todas as outras partes do mundo reinava a idolatria, de modo que os nossos antepassados adoravam a pedra, a madeira e os demônios.

Adoravam um sem-número de falsos deuses. Somente o verdadeiro Deus não era amado, nem mesmo conhecido. Ainda em nossos tempos, quantos países não há onde é reduzido o número de católicos e todos os demais são pagãos ou hereges, dos quais a maior parte com certeza se condenarão! Quanto mais nós devemos ser agradecidos a Deus, porque não somente nos fez nascer depois da vinda de Jesus Cristo, mas além disso em um país católico!

Senhor meu, graças Vos dou. Ai de mim, se, depois de cometer tantos pecados, vivesse no meio dos infiéis ou dos hereges! Reconheço, ó meu Deus, que me quereis salvo, e eu desgraçado tantas vezes quis perder-me perdendo a vossa graça. Redentor meu, tende piedade de minha alma que tanto Vos custou!

II. Misit Deus Filium suum, ut eos, qui sub lege erant, redimeret (1) — “Deus enviou seu Filho, para que remisse aqueles que estavam debaixo da lei”. Peca o escravo, e pecando entrega-se ao poder do demônio; e eis que vem seu Senhor mesmo para o resgatar com a sua morte! Ó amor imenso, ó amor infinito de Deus para com o homem!

Portanto, ó meu Redentor, se Vós não me tivésseis remido com a vossa morte, o que seria de mim? De mim, digo, que pelos meus pecados tantas vezes tenho merecido o inferno. Se Vós, ó Jesus meu, não tivésseis morrido por mim, já Vos teria perdido para sempre, nem haveria mais para mim esperança alguma de recuperar a vossa graça, nem de ver um dia no paraíso o vosso belo rosto. Meu caro Salvador, graças Vos dou, e espero ir ao céu para Vos agradecer eternamente. Pesa-me acima de todos os males, de Vos ter desprezado em outro tempo. Para o futuro proponho antes sofrer toda a pena, qualquer morte, do que ofender-Vos. Mas como em tempos passados Vos tenho traído, posso tornar a trair-Vos para o futuro. Ó meu Jesus, não queirais permití-lo. Ne permittas me separari a te (2) — “Não permitais que eu me aparte de Vós”. Amo-Vos, Bondade infinita, e quero amar-Vos sempre nesta vida e durante toda a eternidade. — Ó minha Rainha e Advogada, Maria, guardai-me sempre debaixo de vosso manto e livrai-me do pecado. (III 319.)
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1. Gal. 4, 4.
2. Or. “Anima Christi”.


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 94 - 96.)

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