segunda-feira, 31 de outubro de 2016

São Padre Pio, o terço e Nossa Senhora de Lourdes

“Nada menos que cinco rosários na íntegra todos os dias”: é o compromisso que lemos no diário escrito por Padre Pio em 1929. Mas, na realidade, eram realmente raros os dias em que o capuchinho ficava limitado a esse número.

O padre Mariano Paladino uma vez perguntou-lhe quantos terços havia rezado, e ele respondeu:

– Trinta. Quase, tal vez um pouco mais, mas não menos.

– Como o senhor consegue? perguntou o surpreso confrade.

E padre Pio respondeu candidamente:

– Na noite o que há para fazer?


Em outra ocasião, o santo religioso acrescentou:

– Eu posso fazer três coisas ao mesmo tempo: rezar, confessar e ir ao redor do mundo.

Um de seus assistentes pessoais, o padre Marcellino Iasenzaniro, testemunhou que na parte da manhã era necessário lavar-lhe as mãos uma de cada vez, porque o Padre Pio nunca parava de rezar o Terço, que gostava de chamar de “arma de defesa e de salvação, doada por Nossa Senhora para usá-la contra as astutas ciladas do inimigo infernal”.

E ele explicou aos que estavam perto dele:

– Se a Imaculada em Lourdes e até mesmo o Imaculado Coração em Fátima recomendaram insistentemente a oração do Terço, não significa que esta oração tem um valor excepcional para nós e para os nossos tempos?



Um dia, o irmão padre Alessio Parente lhe perguntou por que ele sempre recitava o Terço e não outras orações. Sua resposta foi:

– Porque Nossa Senhora nunca me recusou uma graça através da recitação do terço.

Para si mesmo, como revelou ao padre Pellegrino Funicelli, ele tinha um pedido preciso:

“Meu filho, eu tenho um temperamento ruim. Muitas vezes, quando eu não concordo com as disposições do Superior, digo-lhe clara e rombudamente, embora, em seguida, eu cumpro suas disposições escrupulosamente.

“Eu peço todos os dias a Nossa Senhora a graça de ter um pouco de sua doçura e de sua ternura na obediência ao superior e à Igreja. Eu, então, Lhe peço uma segunda graça: não ter olhos para ver, exceto Jesus e sua Igreja nesta terra”.




O terço é arma poderosíssima para tirar do Purgatório as almas que ali padecem


O poder desta oração foi testado pessoalmente pelo capuchinho, que entre outras coisas, como relatou o padre Nello Castello, ensinou a valorizar o terço de indulgências de Monsenhor Cuccarollo, a quem o Papa São Pio X, na hora de nomea-lo bispo tinha concedido as indulgências de que dispunha, tirando o anel papal da mão e pondo-o no dedo do bispo simbolicamente.

Padre Pio disse:

– Com este terço esvaziamos um recanto do Purgatório.
Todas as noites, especialmente nos últimos anos de vida, o padre Pio queria que em seu quarto o Superior ou outro irmão de religião puxasse a Ave Maria, que ele e os presentes, em seguida, completavam concluindo com a invocação “Mater Divinae Gratiae, ora pro nobis” (“Mãe da Divina Graça, rogai por nós”).


O padre Carmelo de San Giovanni in Galdo poeticamente pintou a cena como

“o fechamento de um dia de trabalho pesado, e um brado pedindo ajuda para a noite que se aproximava. Ele fitava para a grande imagem de Nossa Senhora, que pendia da parede ao pé da sua cama, como uma criança aguardando o beijo e a saudação da mãe”.

Seu sentimento filial para com Maria teve extraordinária intensidade, embora para sua humildade nunca achava suficientes suas demonstrações de afeto.

Durante uma confissão, a Irmã Maria Francesca Consolata confidenciou:

– Pai, eu tenho muita amargura na alma, porque eles não sabem amar Nossa Senhora com o amor que o senhor tem.

E ele, com um suspiro, disse, visivelmente emocionado:



– Minha filha, eu estou sofrendo porque eu A amo tanto ... e eu ainda não sei amá-La como Ela merece. Oremos juntos para alcançar essa grande graça.


A 14 de agosto de 1958, na véspera da festa da Assunção, o padre guardião do mosteiro pediu-lhe um pensamento espiritual.

O Padre Pio abaixou a cabeça, começou a soluçar, e, respondendo, disse:

– Nossa Senhora ...
Os soluços tornaram-se pranto; em seguida, retomou com esforço:

– Nossa Senhora ....
Tremores fortes fizeram estremecer todo o seu corpo.

– Nossa Senhora.., ele repetiu pela terceira vez, é nossa Mãe.
Então lágrimas brotaram incontroláveis, e o padre, com dificuldade, conseguiu levar o lenço para enxugar as lágrimas que lhe tinham molhado todo o rosto.

Mas sequer teve tempo e força para secá-lo, porque as lágrimas escorriam abundantes e incessantemente.

Em seguida, deixou cair as mãos sobre os joelhos e, chorando, ele continuou a gritar:

– Nossa Senhora é nossa Mãe! Nossa Senhora é nossa Mãe!

Por sua vez, o padre Eusébio contou que certa feita, no fim do dia, após a recitação do Rosário em honra de Nossa Senhora, a multidão de pessoas cantou a música “Levanta-te, Tu que és mais bela que a aurora”.

E enquanto cantavam o refrão “Tu és bela como o sol, pulcra como a lua”, o padre Pio teve uma expansão súbita:

– Oh, se fosse assim renunciaria até ao Paraíso.
O padre Eusébio, espantado com esta declaração que lhe parecia exagerada, objetou:

– Padre, isso é mais bonito do que o sol e a lua?

E ele quase com pena dele, disse:

– Eh ... o senhor precisa..
E o irmão, pegando no ar:

– Mas então, o senhor viu a Nossa Senhora?

Sua resposta foi o silêncio, acompanhado por um sorriso mais eloquente do que quaisquer palavras.


(Fonte: Blog Lourdes e Suas Aparições/ Saverio Gaeta, “Padre Pio. Sulla soglia del Paradiso”, San Paolo Edizioni, 2002, cap. XVI, Rosario e Madonna. L'“arma” della salvezza).

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