quinta-feira, 30 de março de 2017

Comentário ao Evangelho (29/03) feito por Santo Agostinho



Comentário do dia 
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja 
O Génesis em sentido literal, 4, 11-13 [21-24]

«Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo».

Gostaríamos de explicar como é possível compatibilizar o texto do Génesis onde está escrito que Deus repousou ao sétimo dia de todas as suas obras com o texto do evangelho onde o Senhor, por quem todas as coisas foram feitas, diz: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo». [...] A observância do sábado foi prescrita aos judeus para prefigurar o repouso espiritual que Deus prometeu aos fiéis que fizessem boas obras, repouso cujo mistério o Senhor Jesus Cristo confirmou com a sua sepultura, porque foi num dia de sábado que Ele repousou no túmulo, [...] depois de ter consumado todas as suas obras. 

Podemos pensar que Deus repousou de ter criado os diversos géneros de criaturas, porque não voltou a criar novos géneros; mas [...] nem neste sétimo dia deixou de governar o céu, a terra e todos os outros seres que tinha criado, pois de outra maneira eles ter-se-iam diluído no nada. Porque o poder do Criador, a força do Omnipotente, é a causa pela qual subsistem todas as criaturas. [...] Com efeito, não se passa com Deus o mesmo que com um arquiteto, que, concluída a casa, se afasta e [...] a obra subsiste. Pelo contrário, o mundo não poderia subsistir, um instante que fosse, se Deus lhe retirasse o seu apoio. [...] 

É isto que afirma o apóstolo Paulo quando pretende anunciar Deus aos atenienses: «Nele vivemos, nos movemos e somos» (At 17,28). [...] Com efeito, não somos em Deus como a sua própria substância, no sentido em que é dito que Ele «tem a vida em Si mesmo»; mas, sendo algo diferente dele, só podemos ser nele porque Ele age desta maneira: «A sua sabedoria estende-se de um extremo ao outro do mundo e governa o universo» (Sb 8,1). [...] Nós vemos as obras boas que Deus fez (Gn 1,31). e veremos o seu repouso depois de termos realizado as nossas próprias obras boas.

Fonte: Evangelho Quotidiano

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